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Alô, alôu, bom dia.
Hoje é 31 de janeiro de 2025. Isso quer dizer que já transcorreu um mês inteirinho deste ano.
Para alguns pode parecer muito tempo, para outros nem tanto. Afinal de contas, é muito ou pouco tempo?
É uma questão de percepção. Como já disse Einstein: O tempo é relativo.
Importante mesmo é o que nós somos capazes de fazer por nós mesmos e pelos outros nesse espaço de hora, minutos, segundos.
Não podemos nos entregar, simplesmente nos jogar na loucura que é a passagem do tempo.
Não podemos, nem devemos apenas nos acostumar com a passagem do tempo. Porque isso nos leva a nos acostumarmos com outras coisas.
Como ver um mês passar. Como ver um ano passar, como ver a vida passar.
O grande perigo é se acostumar a não viver a vida como gostaríamos.
Assim nos “acostumamos” a tantas coisas, como escreveu Clarice Lispector em “Eu sei, mas não devia”:
“Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. Porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. Porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A ler durante a viagem de ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e do que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. Luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesmo.”
Não vamos nos acostumar com coisas que realmente não queremos para nossa vida.
Vamos reagir. Vamos fazer de cada novo dia, um Bom Dia.
Como disse Charles Chaplin: “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”.
Pense nisso hoje.
Tenha um bom dia.
E até a próxima.